Por Roberto Samora
CAMPINAS (Reuters) – O consumo de café no mundo mostrou resiliência mesmo em um mercado que teve o preço futuro acima de US$4/libra-peso, quando a cotação marcou recordes em fevereiro deste ano na bolsa ICE, disseram executivos das maiores tradings mundiais nesta quinta-feira, durante o Coffee Dinner & Summit.
“Com o café a mais de 400 centavos, você imaginaria que o consumo estaria sofrendo… Obviamente, não vimos crescimento, exceto em alguns países… esperávamos ver a demanda cair consideravelmente, mas quando você calcula os números, não está caindo tanto quanto imaginávamos”, afirmou o diretor da divisão de café da Ecom Agroindustrial, Teddy Esteve.
“Então, o café é muito resiliente. Estamos muito felizes em ver que as pessoas não conseguem viver sem ele”, acrescentou o executivo, em um painel do evento promovido pelo conselho de exportadores brasileiros Cecafé, em Campinas (SP).
Ele citou também a força da demanda dos novos consumidores, especialmente da Ásia, que será o “futuro do crescimento do café”.
“Então, como eu disse, o consumo é resiliente. Não está tão ruim quanto esperávamos”, destacou o executivo da Ecom, mostrando otimismo com o futuro.
No mesmo painel, o CEO da Sucafina, Nicolas Tamari, lembrou que os preços globais foram sustentados por sucessivos déficits no mercado.
Mas citou também um consumo “forte”, apesar dos preços altos, estimando uma demanda global de 174 milhões de sacas de 60 kg.
“E eu esperava, como o Teddy mencionou, uma queda maior no consumo a 400 centavos”, disse ele, observando que os problemas logísticos que afetaram o transporte de café em algumas regiões prejudicaram uma melhor avaliação da demanda.
“Então, o consumo está bom. Prevejo um crescimento de 1% ao ano, não mais que isso”, destacou ele.
Mais recentemente, os preços do café tiveram uma queda em relação às máximas, operando um pouco abaixo de US$3/libra-peso na bolsa ICE — ainda um patamar historicamente elevado — com a chegada da safra do Brasil, maior produtor e exportador global.