A quinta-feira (10) chega ao final com os preços internacionais do milho futuro registrando poucas movimentações na Bolsa de Chicago (CBOT).
De acordo com a análise da Agrivnest, o mercado já atuou em ritmo de véspera de divulgação do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que irá publicar um novo relatório de Oferta e Demanda Mundial na sexta-feira.
Outro ponto de incerteza no mercado fica por conta dos desdobramentos das cartas de Trump lançando novas tarifas para diversos países elevando as tarifas para o comércio global.
O vencimento julho/25 foi cotado à US$ 4,07 com desvalorização de 5,25 pontos, o setembro/25 valeu US$ 3,99 com estabilidade, o dezembro/25 foi negociado por US$ 4,16 com alta de 1 ponto e o março/26 teve valor de US$ 4,33 com ganho de 1,5 ponto.
Esses índices representaram elevações, com relação ao fechamento da última quarta-feira (9), de 0,24% para o dezembro/25 e de 0,35% para o março/26, além de perda de 1,27% para o julho/25 e de estabilidade para o setembro/25.
Mercado Brasileiro
Já a Bolsa Brasileira (B3) registrou movimentações negativas para os preços futuros do milho ao longo do pregão desta quinta-feira.
As principais cotações recuaram e devolveram os ganhos registrados na última quarta-feira.
Segundo informações da Agrinvest, o mercado foi pressionado pela revisão para cima da produção da segunda safra de milho pela Conab. A companhia prevê uma produção de 105 milhões de toneladas, patamar 4 milhões acima do relatório anterior. Mesmo assim, a previsão ainda está longe das expectativas do mercado, que giram entre 110 e 115 milhões.
Confira como ficaram todas as cotações nesta quinta-feira
O vencimento julho/25 foi cotado à R$ 62,47 com queda de 0,84%, o setembro/25 valeu R$ 62,80 com perda de 1,55%, o novembro/25 foi negociado por R$ 66,55 com baixa de 1,74% e o janeiro/26 teve valor de R$ 71,00 com desvalorização de 1,81%.
No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho também teve poucas movimentações. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas identificou valorizações em Jataí/GO e Rio Verde/GO e percebeu desvalorizações em Sorriso/MT, São Gabriel do Oeste/MS, Machado/MG e Cândido Mota/SP.
Tarifas de Trump: impactos sobre o milho brasileiro ainda são indiretos
Alta do dólar e possível retração no consumo de ração animal levantam alertas no setor, mesmo sem exportações diretas aos EUA
As novas tarifas anunciadas por Donald Trump contra as exportações brasileiras para os Estados Unidos provocaram reação imediata no câmbio e acenderam o alerta entre analistas do agronegócio. No setor de milho, os efeitos ainda são avaliados como indiretos, mas com potenciais desdobramentos caso o embate comercial se intensifique.
Segundo Enilson Nogueira, analista da Céleres Consultoria, o principal reflexo até agora está no câmbio, com o dólar reagindo à incerteza política e comercial entre os países. “Ontem, o dólar subiu 1%. Esse movimento tende a ser um ponto de suporte, mesmo que pontual, para as cotações internas do milho”, explica.
Outro possível impacto está na cadeia da carne bovina, que utiliza o milho como base na formulação de ração animal. “Os EUA consomem de 5% a 10% da carne bovina exportada pelo Brasil. Com o aumento de tarifas, há chance de retração nessa demanda, o que pode reduzir o consumo de milho internamente”, avalia o analista.
Para Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora, o cenário ainda é marcado por muita incerteza, e a volatilidade no câmbio deve seguir como principal termômetro. “Esse movimento todo gerou uma euforia misturada com pânico, e isso traz uma volatilidade muito grande. Não sabemos até que ponto o dólar pode subir. Se isso se prolongar, culturas como café, laranja e carnes serão penalizadas.”
No caso do milho especificamente, ele pondera que o Brasil não exporta volumes significativos aos EUA, o que isenta o cereal das tarifas de forma direta. Ainda assim, o analista reforça que queda na demanda por carne bovina pode provocar ajustes no consumo de milho.
Por ora, Rafael lembra que o principal fator de pressão nos preços continua sendo a safra volumosa que vem sendo colhida. “O produtor precisa focar em exportar. O mercado interno, por si só, não vai absorver tudo. E ainda temos uma safra americana indo bem, o que também pode pesar nos preços lá na frente.”