A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), anunciou ontem (21), em Porto Alegre (RS), que o governo federal decidiu permitir a antecipação do exercício dos Contratos de Opção de Venda (COV’s), de arroz, de agosto para abril. O valor de exercício para agosto foi viabilizado após muita negociação com o Ministério da Fazenda, na qual, a Conab buscou um ajuste de 20% por saca de 50 quilos acima do preço mínimo pago ao produtor. O Rio Grande do Sul é responsável por produzir 70% do arroz nacional e será o principal beneficiado pelos contratos. No estado, a colheita já atingiu 40% da área plantada com ajuda do clima que está contribuindo com o ritmo da colheita. A expectativa é que, na próxima semana, a colheita atinja 50% de área com o avanço nas regiões oeste e sul do estado.
Recentemente, os contratos de opção de arroz foram ponto de divergência entre Conab e associações ligadas à orizicultura, isso ocorreu pois no momento da divulgação dos leilões em 2024, as cotações estavam em patamares elevados (R$ 110,00 a saca). As entidades demonstraram insatisfação com os valores de exercício definidos pela Conab para o produto, pois estariam abaixo dos valores das negociações. Na época, a Conab, através de sua equipe técnica, identificou o potencial de aumento da produção devido às intenções de plantio no Brasil e nos países do Mercosul, além da volta da Índia nas exportações.
A expectativa de colheita do Brasil este ano é de 12 milhões de toneladas este ano, um volume expressivo que, consequentemente, pressiona as cotações. “A conjuntura internacional teve grande influência nas cotações do arroz, principalmente em função da Índia que é um grande exportador e que sofreu com quedas na produção nos últimos anos e, por conta disso, deixou de exportar. Com a recuperação de sua produção, a Índia voltou a exportar pressionando para baixo os preços internacionais”, declarou Christiano Erhart, vice-presidente do Conselho Administrativo da BBM, que participou do anúncio na capital gaúcha. “Além de tudo isso, este ano tivemos um aumento na área plantada em todo o Mercosul, impulsionando a produção e, consequentemente, pressionando as cotações”, pontuou. De acordo com perspectiva do mercado, o bloco precisa exportar 5 milhões de toneladas este ano para equilibrar a oferta.
A expectativa é de que todos os contratos de opção sejam exercidos. “Com o preço de exercício de R$ 87,62 a saca e os deságios dos COV, devemos chegar a um patamar de preços de R$ 81,50 para exercício em abril, ou seja, mais alto dos atuais preços de mercado, o que torna essas negociações vantajosas para os produtores, refletiu Erhart. “Os contratos de opção acabam sendo um seguro de preço caso as cotações caiam, o que acabou ocorrendo, pode não ser o melhor preço, mas quem fez vai ter a garantia de um preço maior que os praticados no mercado atualmente”, pontuou.
Segundo técnicos da Conab, as quedas ou altas nos preços levam em torno de seis semanas para chegar do campo à gôndola, o que significa que os preços devem cair ainda mais na comparação com os atuais patamares. A Companhia ainda destacou que o arroz que está sendo comprado será utilizado em momentos em que não esteja sendo suprida a demanda interna, que é quando entra a intervenção do governo na recomposição desses estoques na busca por estabilidade e não com o objetivo de derrubar as cotações.
O Contrato de Opção de Venda pela Conab permite que o produtor rural e suas cooperativas garantam um preço mínimo para o arroz, proporcionando segurança a um custo muito acessível. Em momentos de queda de preços, o contrato assegura a possibilidade de vender ao governo, mitigando riscos financeiros. O objetivo é garantir renda ao homem do campo, estimular a produção para atender o consumo interno e formar estoques públicos. De acordo com a Conab, o Rio Grande do Sul é o estado que mais teve participação nos leilões de COV realizados no ano passado. Foram firmados 2.165 contratos com produtores gaúchos, o que equivale a 58,5 mil toneladas de arroz.
A BBM e os Contratos de Opção
A Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) possui uma grande estrutura com corretores experientes para atender produtores e cooperativas interessados. Estamos integrados à B3 – Bolsa, Brasil, Balcão – para realizar também os registros obrigatórios das opções em Central Autorizada pelo Banco Central do Brasil (Bacen).
