Por Manuela Andreoni
SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil assegurou nesta quarta-feira a governos estrangeiros preocupados com os preparativos para a cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em novembro que disponibilizou quartos suficientes para acomodar as dezenas de milhares de pessoas que devem estar na cidade de Belém para o evento, mesmo que a oferta ainda esteja aquém das projeções de público do próprio país.
Valter Correia, secretário extraordinário do Brasil para a cúpula, conhecida como COP30, apresentou um plano para priorizar as necessidades dos países em desenvolvimento e das nações insulares, cujos representantes expressaram indignação durante uma conferência em Bonn, na Alemanha, argumentando que os preços altíssimos das acomodações em Belém poderiam excluí-los da COP30.
“Nós estamos garantindo que todos possam vir a preços acessíveis”, disse ele. “Não podemos deixar os países menores, os países que mais sofrem com a questão da mudança climática, de fora de um negócio desse, seria absolutamente impensável.”
Ativistas ambientais de todo o mundo aguardam ansiosamente a vez de o Brasil sediar a cúpula climática, depois de três anos em que a conferência foi realizada em países sem ampla liberdade para manifestações públicas.
O Brasil escolheu Belém para as negociações sobre o clima para chamar a atenção para as florestas tropicais que estão desaparecendo no mundo, mas grupos da sociedade civil vêm alertando há meses que a falta de acomodações na cidade amazônica criaria barreiras para muitos.
Autoridades já identificaram mais de 30 mil quartos disponíveis na cidade, disse Correia, em comparação com uma estimativa de 20 mil que autoridades da ONU disseram aos seus pares brasileiros que seriam necessários para acomodar delegações, jornalistas e observadores.
Ainda assim, o número fica aquém da demanda dos 45 mil participantes da COP30 que Correia havia projetado no início deste ano. Ele disse nesta quarta-feira que espera que Belém atenda à demanda adicional à medida que mais casas particulares, quartos de hotel e opções alternativas, como escolas adaptadas, se tornem disponíveis.
O escritório de mudanças climáticas da ONU, o UNFCCC, recusou um pedido para confirmar o número de pessoas esperadas.
Esta semana, o Brasil também lançou um site de reservas com 1,5 mil quartos para um grupo de 98 países em desenvolvimento e nações insulares, com preços entre US$100 e US$220 por noite, disse Correia.
Outros 1 mil quartos serão adicionados à plataforma em breve, abertos a todas as delegações, acrescentou ele, com preços de até US$600 por noite. Posteriormente, a plataforma será aberta a todos os demais. O Brasil também disse que assinou um contrato para 3.900 cabines em dois navios de cruzeiro que estacionarão na cidade portuária para a COP.
Correia disse que também espera que os grupos da sociedade civil encontrem acomodações adequadas. No entanto, embora sua equipe esteja lutando contra a manipulação de preços, acrescentou, não será possível oferecer a todos quartos a preços mais baixos.
(Reportagem de Manuela Andreoni, com informações adicionais de Kate Abnett em Bruxelas)