Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -Em uma sessão de liquidez reduzida por conta de feriado nos Estados Unidos, o dólar fechou a sexta-feira em alta ante o real, mas ainda assim marcou a quinta semana consecutiva de queda.
O dólar à vista fechou a sexta-feira em alta de 0,37%, aos R$5,4245, após ter registrado na véspera a menor cotação em mais de um ano, desde 24 de junho de 2024. No acumulado da semana, a divisa dos EUA cedeu 0,44%. Nas cinco semanas, a moeda caiu 5,17% frente ao real e, no acumulado do ano, a queda acumulada está em 12,21%.
Às 17h03, na B3, o dólar para agosto subia 0,20%, aos R$5,4590, mas havia movimentado pouco mais de 100 mil contratos — bem abaixo da média de dias normais.
O feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos retirou a liquidez dos mercados de moedas ao redor do mundo, deixando as cotações sem gatilhos mais fortes no Brasil.
O dólar à vista oscilou entre a cotação mínima de R$5,4027 (-0,04%), às 10h52, e a máxima de R$5,4275 (+0,42%), em uma sessão em que a moeda norte-americana também demonstrava acomodação no exterior, após o projeto de cortes de impostos do governo Trump passar no Congresso norte-americano na quinta-feira.
No Brasil, investidores se voltaram para Brasília, onde decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes suspendeu liminarmente os efeitos dos decretos presidenciais que elevaram as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), bem como a decisão do Congresso Nacional na semana passada que sustou os efeitos das medidas do governo Lula.
Na prática, Moraes zerou a disputa via decretos e convocou uma audiência de conciliação para o próximo dia 15 de julho, com representantes do governo, da Câmara, do Senado e da Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão de Moraes ainda vai passar por um referendo dos demais ministros do STF.
Durante a tarde, em entrevista à CNN Brasil, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a decisão de Moraes evita o aumento do IOF, em sintonia com o desejo da maioria do plenário da Casa. Além disso, defendeu cortes de gastos que não prejudiquem as pessoas mais pobres. Ele citou a revisão de benefícios fiscais — uma pauta defendida pelo governo, mas que sempre encontrou resistência no Congresso.
A queda recente do dólar tem refletido a perda de força da moeda norte-americana também no exterior nas últimas semanas, além do diferencial de juros a favor do Brasil.
Profissionais ouvidos pela Reuters têm lembrado que, com uma taxa básica Selic em 15% ao ano, o Brasil segue bastante atrativo aos investidores internacionais, ainda mais em um cenário em que o Federal Reserve caminha para cortar juros nos Estados Unidos.
No exterior, às 17h15, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,03%, a 96,979.
Na próxima semana, boa parte das atenções estará voltada para o fim do prazo dado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para negociação de tarifas do país com seus parceiros comerciais, incluindo o Brasil. O prazo vence em 9 de julho — data em que, apesar do feriado da Revolução Constitucionalista em São Paulo, os mercados funcionarão normalmente no Brasil.
Na manhã desta sexta-feira, em sua operação diária de rolagem, o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional.
(Edição de Isabel Versiani e Pedro Fonseca)