Cumurixatiba (BA) – No último domingo (3), a Fazenda Imbassuaba, localizada em Cumurixatiba, no município de Prado, extremo sul da Bahia, foi alvo de uma invasão armada por integrantes da aldeia Caí. A propriedade está em território indígena demarcado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) desde 2014, mas ainda não homologado.
Segundo relato do proprietário, que pediu para não ser identificado, o grupo entrou à força no local, rendendo funcionários e assumindo o controle da área. Ao tentar verificar se a sede da fazenda havia sido arrombada ou se pertences haviam sido levados, produtores rurais foram recebidos com disparos de armas de guerra.
Momentos depois, uma equipe da Força Nacional chegou ao local. Testemunhas afirmam que, diante da presença das autoridades, os invasores esconderam as armas de fogo e passaram a ameaçar os produtores com armas brancas. Um produtor foi agredido com um pedaço de madeira e todos os presentes foram alvo de ameaças de morte.
“Hoje eu não tenho segurança nem para transitar em Cumurixatiba. Eles estão me ameaçando de morte e vigiando meu carro. Estou extremamente acuado, sem saber o que fazer. O Estado está conivente, porque a reação da Força Nacional foi me tratar como bandido, enquanto no dia da invasão armada não tomaram nenhuma providência”, afirmou o proprietário.
A Associação do Agronegócio do Extremo Sul da Bahia (Agronex) relata que o episódio segue um padrão de invasões violentas registrado na região desde 2022. Os casos envolvem roubo de café, gado, maquinário e expulsão de famílias sob ameaça, com prejuízos estimados em R$ 500 milhões.
O presidente da Agronex, Mateus Bonfim, alerta para o uso de armamento pesado e apoio logístico com veículos oficiais nas ações, além da omissão das autoridades no enfrentamento.
“A luta não é contra os indígenas, mas contra criminosos que se aproveitam de uma causa legítima. O Brasil inteiro tem que saber o que está acontecendo aqui no sul da Bahia”, afirma Bonfim.
Produtores cobram ação imediata do poder público para restaurar a segurança e impedir novas invasões, denunciando que o extremo sul da Bahia está à mercê de milícias armadas que agem sem controle.