O Instituto Agronômico (IAC) apresentou três novas variedades de cana-de-açúcar ao setor sucroenergético brasileiro na última sexta-feira, 1° de outubro de 2021, em Ribeirão Preto, no Centro de Cana do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, durante evento com o vice-governador Rodrigo Garcia e o secretário de Agricultura Itamar Borges. São três ótimas opções de cultivo com caracterÃsticas de alta produtividade, modernidade e adaptação ao plantio e colheita mecanizados. Na cerimônia foi feita uma entrega simbólica das novas variedades que estão chegando para os canavicultores.
“As três novas variedades vêm compor o arsenal biológico que contribuirá para a verticalização da produtividade dos canaviais paulistas e brasileiros”, diz o lÃder do Programa Cana IAC e diretor-geral do Instituto Agronômico, Marcos Guimarães de Andrade Landell.
O pacote tecnológico que caracteriza as três novas variedades envolve elevada produtividade e resistência à s principais doenças da cultura, porte ereto, com indicação para diversos ambientes e ótimos desempenhos em diferentes regiões brasileiras. As três trazem a possibilidade de plantios nas regiões de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia e Tocantins. Cada uma carrega caracterÃsticas que as adaptam à s diversas condições de ambiência, apresentando resultados que dependem de sua instalação de acordo com os nichos previstos no desenvolvimento feito pelo do Programa Cana IAC.
A IACSP04-6007 é uma ótima alternativa para o setor sucroenergético, tanto para usinas como para canavicultores. É muito versátil por apresentar excelente adaptação à região Sul e Centro Paulista até o Norte do Paraná e o Mato Grosso do Sul. Tem produtividade 13% superior à variedade mais plantada no Brasil atualmente. Esse acréscimo representa 10 toneladas a mais de cana por hectare. “Esses ganhos são ainda maiores nos nichos regionais para onde ela é indicada”, afirma Landell.
O pesquisador ressalta que essas novas variedades comerciais foram desenvolvidas dentro da estratégia de alto potencial para nichos regionais. A composição do canavial deve ser diversificada, isto é, devem ser usadas cerca de dez diferentes variedades para seguir a recomendação de cada material representar, no máximo, 15% da área total. “A complexidade é o que leva à produtividade de 120 toneladas, por hectare, na média dos cinco cortes, otimizando os nichos regionais e usando as variedades mais adaptadas a cada localidade”, complementa.
O Programa Cana IAC adota a estratégia de identificar todas as variedades desenvolvidas com seus perfis regionais para que o produtor não erre ao escolher determinada variedade para a sua região. O objetivo é disponibilizar as orientações como se fosse uma “bula”, que traz todas as caracterÃsticas dos materiais biológicos e seus respectivos desempenhos de acordo com o ambiente onde são plantados.
A IACSP04-6007, assim como a IACCTC05-9561 e a IACCTC05-2562, reúne excelentes caracterÃsticas agroindustriais. Com porte ereto, as três novas variedades contribuem para o melhor desempenho das máquinas no plantio e colheita mecanizados.
A IACSP04-6007 e a IACCTC05-9561 têm alta velocidade de crescimento inicial, caracterÃstica que faz suas folhas fecharem mais rapidamente, causando sombras que evitam o surgimento de plantas daninhas. “Essa caracterÃstica de fechar bem resulta numa espécie de guarda-chuva foliar, que protege a planta ao combater as ervas daninhas”, explica. O benefÃcio alcançado é a redução do uso de herbicidas. O crescimento veloz também permite seu plantio mais tardio.
A IACSP04-6007 foi originalmente selecionada na região Sudoeste do Estado de São Paulo, onde há menor déficit hÃdrico. Já apresenta áreas expressivas de cultivo nos Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, além de estar também na própria região de origem, no municÃpio de Assis, interior paulista. Atualmente, tem despertado muito interesse e vem ganhando espaço nas regiões Norte e Oeste do Estado, além do Triângulo Mineiro.
“Apesar de oriunda de região de clima mais ameno, quando em região mais quente, também tem se destacado inclusive em Goiás e Oeste paulista, desde que em solos com melhor capacidade de armazenamento de água”, explica Landell. A IACSP04-6007 tem ótima maturação desde o inÃcio de safra, em abril, até o final, em setembro.
IACCTC05-9561
Desenvolvida no Oeste baiano, região muito peculiar e com aspectos produtivos limitantes, a IACCTC05-9561 tem se destacado em condições muito desafiadoras: o Cerrado brasileiro. É muita adaptada ao Norte de Goiás, onde está sendo plantada na usina Jalles Machado. Indicada para ambientes médios a favoráveis, sua adoção também vem crescendo em São Paulo e Paraná.
“Dentre as inúmeras caracterÃsticas positivas da IACCTC05-9561, destaca-se a ótima adaptação à mecanização e uma excelente opção nos manejos avançados de canavicultura; além disso, a uniformidade biométrica e o rápido crescimento proporcionam a ela excelentes produtividades ao longo dos cortes”, comenta Landell.
IACCTC05-2562
A IACCTC05-2562 tem crescimento inicial mais lento, portanto, tem menor volume de folhas. Isso é positivo porque, no perÃodo da seca, quanto mais folhas tiver a planta, maior será a perda hÃdrica pela massa foliar. “A cana com fitomassa não muito grande fica mais protegida do déficit hÃdrico, por não perder tanta água pela evapotranspiração”, esclarece o cientista do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Desenvolvida na região de Ribeirão Preto, a IACCTC05-2562 é originária da variedade CTC4, uma das mais plantadas, com o diferencial de ter boa resistência à ferrugem, além do bom desempenho do Paraná até Tocantins. Em bons ambientes e ela tem alto desempenho. “É uma variedade que nasce muito bem, fecha muito bem as entrelinhas e colhe muito bem”, resume Landell.
Por que é importante o porte ereto da cana?
As máquinas de plantio e colheita de cana funcionam melhor com canas de porte ereto. Na colheita mecanizada, as folhas são descartadas e deixadas no solo, conservando-o de processos erosivos e livrando-o de perdas hÃdricas. Além disso a cana ereta ajuda a reduzir a impureza mineral, que resulta do contato da cana com o solo, no momento da colheita. “Quando a cana tomba e encosta no chão, as impurezas vão para dentro da indústria, reduzindo a qualidade da cana”, explica Landell.
Outro fator que contribui para o funcionamento das máquinas é a uniformidade biométrica da cana, isto é, a planta ter a mesma altura e o diâmetro de colmos “Os equipamentos de plantio e colheita funcionam melhores quanto maior a uniformidade do material biológico”, atesta.
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