Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, renovando máximas históricas com apoio dos bancos, em sessão de recordes também em Wall Street, após a divulgação de dados robustos sobre o mercado de trabalho norte-americano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,35%, a 140.927,86 pontos, novo topo de fechamento, tendo marcado 141.303,55 pontos no melhor momento — nova máxima intradia — e 139.050,93 pontos na mínima do dia.
O volume financeiro, porém, foi reduzido, somando R$16,5 bilhões, contra uma média diária de R$24,76 bilhões no ano.
De acordo com o chefe da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, Anderson Silva, o Ibovespa renovou recorde impulsionado por uma combinação de gatilhos externos, incluindo máximas nas bolsas em Nova York e retomada do apetite ao risco.
Ele, no entanto, chamou a atenção para o volume de negociação abaixo da média histórica, o que pode indicar certa cautela por parte dos investidores.
“Ao mesmo tempo em que muitos veem como um momento ‘adequado’ para se antecipar a tomada de risco olhando um cenário mais à frente, outros estão aproveitando as altas taxas da renda fixa, o que faz com que o volume fique reduzido.”
Nos Estados Unidos, dados mostraram a abertura de 147.000 postos de trabalho fora do setor agrícola em junho, enquanto economistas previam 110.000 vagas. A taxa de desemprego caiu para 4,1%, contra previsão de alta para 4,3%.
A notícia reduziu as apostas em um corte nos juros pelo Federal Reserve neste mês, mas não minou o apetite no mercado de ações, mesmo com o feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos na sexta-feira.
Em Wall Street, o S&P 500 e o Nasdaq, referências do mercado acionário norte-americano, também renovaram máximas, enquanto o rendimento do Treasury de 10 anos avançou a 4,3477%, de 4,293% na véspera.
Na visão dos economistas Luiza Paparounis e Francisco Lopes, do BTG Pactual, os números reduzem a probabilidade de corte de juros pelo Federal Reserve em julho, mas mantêm a chance de redução em setembro, conforme relatório enviado a clientes.
“Olhando à frente, os riscos para o mercado de trabalho permanecem equilibrados”, acrescentaram, avaliando que o emprego continua resiliente e as taxas de demissão não aumentaram, mas as vagas seguem em níveis baixos e a rotatividade está fraca.
“Além disso, tensões comerciais em andamento e incertezas políticas podem afetar as decisões de contratação nos próximos meses.”
Paparounis e Lopes reforçaram, contudo, que os dados reforçam a postura cautelosa do Fed, “já que as condições do mercado de trabalho permanecem firmes e os riscos inflacionários ainda não foram totalmente resolvidos”.
DESTAQUES
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 2,47%, com bancos como um todo com sinal positivo, fortalecendo o Ibovespa. BRADESCO PN valorizou-se 2,38% e SANTANDER BRASIL UNIT subiu 0,1%. BANCO DO BRASIL ON fechou com acréscimo de 1,41%, tendo ainda no radar anúncio de que destinará R$230 bilhões para o financiamento da safra 2025/26.
– EMBRAER ON subiu 4,42%, renovando máximas, após divulgar na véspera que entregou 61 aeronaves no segundo trimestre, montante 30% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Analistas do BTG Pactual afirmaram que os dados ficaram acima das suas expectativas e reiteraram recomendação de compra para as ações.
– VALE ON cedeu 0,47%, sem sustentar os ganhos vistos em parte da sessão, mesmo com a alta dos futuros de minério de ferro na China, com novo impulso de Pequim para conter a concorrência. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou a sessão do dia com alta de 2,45%, a 733 iuanes (US$102,33) a tonelada.
– PETROBRAS PN encerrou com elevação de 0,34%, apesar da fraqueza dos preços do petróleo no mercado global. O barril de Brent fechou em queda de 0,45%, a US$68,80. A Petrobras também prevê aportar R$26 bilhões na integração de atividades entre a sua refinaria em Duque de Caxias (Reduc) e o Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí.
– AMBEV ON recuou 1,25%, entre as poucas quedas do dia. Analistas do Citi afirmaram em relatório no final da quarta-feira que saíram de apresentação da empresa em evento do banco nessa semana mantendo a visão neutra para a ação, “devido às condições competitivas difíceis no Brasil e à volatilidade macroeconômica de curto prazo em seus principais mercados”.